segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

EVENTO CULTURAL - RIO DE JANEIRO

A Estação das Letras convida para o tradicional evento cultural Livros na Mesa, troca de livros e encontros de leitura com autores.
Dia 25 de fevereiro
14h30 - Troca de livros
15h às 16h30 - Encontro de leitura: "Bocas de Mel e Fel" com Nilza Rezende
Entrada Franca

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

II Concurso de Poesia Amigos do Livro / Flipoços 2011

O Portal Amigos do Livro e a GSC Eventos Especiais estão organizando o II Concurso de Poesias Amigos do Livro / Flipoços - 2011, para autores brasileiros, maiores de 16 anos. O tema é livre e a inscrição é grátis. O Concurso tem por objetivo descobrir novos talentos e promover a literatura brasileira. Inscrições somente pela Internet através do Portal Concursos e Prêmios Literários, até 15 de Março de 2011. Regulamento completo e link de inscrição no LER MAIS.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Visite a Casa de Cora Coralina

Aninha e Suas Pedras

"Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
Faz de tua vida mesquinha
um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte.
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede."

Cora Coralina  (Outubro, 1981)




Vale a pena Visitar: Clique aqui

CCBB expõe obras de Cora Coralina

O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) lança nesta segunda-feira (10) uma grande exposição sobre a poetisa Cora Coralina. O público poderá visitar as obras da escritora, gratuitamente, a partir de terça-feira (11). São cartas, fotografias, vídeos, um vasto acervo da escritora goiana, que já tinha 76 anos quando teve um livro publicado pela primeira vez.
O acervo ficará exposto em três salas. De acordo com os organizadores, algumas obras estarão em exposição pela primeira vez, fora da casa de Cora, que virou um espaço memorial, em Góias.

A exposição, batizada de "Cora Coralina - Coração do Brasil" pretende revelar de forma bem intensa a obra e vida da escritora na literatura brasileira, especialmente marcada por uma poesia profundamente ligada à terra e à memória de sua região natal. Confira aqui a programação completa do Centro Cultural Banco do Brasil.
Serviço:
Centro Cultural Banco do Brasil

Endereço: Rua Primeiro de Março, 66 - Rio - Tel: (21) 3808.2020
http://twitter.com/ccbb_rj
Mostra fica em cartaz de 11/01 a 13/03/2011, de terça a domingo, das 9h às 21h

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Dia do Leitor

7 de janeiro

Aprendemos a ler quando crianças e ao longo da jornada na direção do mundo adulto, alcançamos um bizarro objetivo inserido acidentalmente no método de ensino da língua portuguesa: ódio à leitura.

João Guimarães Rosa - Brasil


"Quando escrevo, repito o que já vivi antes.
E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente.
Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo
vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser
um crocodilo porque amo os grandes rios,
pois são profundos como a alma de um homem.
Na superfície são muito vivazes e claros,
mas nas profundezas são tranqüilos e escuros
como o sofrimento dos homens."

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Jorge Amado - Brasil

Jorge Amado


Nem a rosa, nem o cravo...


As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças são assassinadas friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades?

Já viste um loiro trigal balançando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? Não posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e teu rosto. Contra tudo que é a beleza cotidiana do homem, o nazifascismo se levantou, monstro medieval de torpe visão, de ávido apetite assassino. Outros que falem, se quiserem, das árvores nas tardes agrestes, das rosas em coloridos variados, das flores simples e dos versos mais belos e mais tristes. Outros que falem as grandes palavras de amor para a bem-amada, outros que digam dos crepúsculos e das noites de estrelas. Não tenho palavras, não tenho frases, vejo as árvores, os pássaros e a tarde, vejo teus olhos, vejo o crepúsculo bordando a cidade. Mas sobre todos esses quadros bóiam cadáveres de crianças que os nazis mataram, ao canto dos pássaros se mesclam os gritos dos velhos torturados nos campos de concentração, nos crepúsculos se fundem madrugadas de reféns fuzilados. E, quando a paisagem lembra o campo, o que eu vejo são os trigais destruídos ao passo das bestas hitleristas, os trigais que alimentavam antes as populações livres. Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É como u'a nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como então encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traição neste momento.

Mas sei todas as palavras de ódio, do ódio mais profundo e mais mortal. Eles matam crianças e essa é a sua maneira de brincar o mais inocente dos brinquedos. Eles desonram a beleza das mulheres nos leitos imundos e essa é a sua maneira mais romântica de amar. Eles torturam os homens nos campos de concentração e essa é a sua maneira mais simples de construir o mundo. Eles invadiram as pátrias, escravizaram os povos, e esse é o ideal que levam no coração de lama. Como então ficar de olhos fechados para tudo isto e falar, com as palavras de sempre, com as frases de ontem, sobre a paisagem e os pássaros, a tarde e os teus olhos? É impossível porque os monstros estão sobre o mundo soltos e vorazes, a boca escorrendo sangue, os olhos amarelos, na ambição de escravizar. Os monstros pardos, os monstros negros e os monstros verdes.

Mas eu sei todas as palavras de ódio e essas, sim, têm um significado neste momento. Houve um dia em que eu falei do amor e encontrei para ele os mais doces vocábulos, as frases mais trabalhadas. Hoje só 0 ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. Só 0 ódio ao fascismo, mas um ódio mortal, um ódio sem perdão, um ódio que venha do coração e que nos tome todo, que se faça dono de todas as nossas palavras, que nos impeça de ver qualquer espetáculo - desde o crepúsculo aos olhos da amada - sem que junto a ele vejamos o perigo que os cerca.

Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperança. Jamais os livros diriam coisas belas, nunca mais seria escrito um verso de amor. Sobre toda a beleza do mundo, sobre a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade!

O texto acima foi publicado no jornal "Folha da Manhã",  edição de 22/04/1945, e consta do livro "Figuras do Brasil: 80 autores em 80 anos de Folha", PubliFolha - São Paulo, 2001, pág. 79, organização de Arthur Nestrovski.